O zumbido pode ser definido como toda percepção de som na ausência de um estímulo sonoro correspondente no ambiente a sua volta. Faz parte do grupo das percepções fantasmas e refere-se ao estado de consciência da percepção de um sintoma na ausência de estímulo correspondente. Trata-se de um sintoma, e não de uma doença, e numa mesma pessoa pode ter várias causas. Muitas doenças podem causar o zumbido e mais de uma causa pode estar presente no mesmo indivíduo. Trata-se de uma condição de saúde bastante frequente.
Estudos epidemiológicos indicam que a prevalência de zumbido varia de 10 a 15% na população geral. A prevalência no Brasil ainda é desconhecida, porém estima-se que 28 milhões de brasileiros já tenham tido alguma forma de zumbido. Apesar da elevada prevalência, sabe-se que apenas uma pequena parte dos indivíduos acometidos, cerca de 5%, se incomoda com o zumbido. Para estes casos há prejuízos diretos na qualidade de vida (sono, concentração, humor, emoções, audição). A maioria dos pacientes relata o zumbido apenas como um incômodo, outros dizem que certas funções como o sono e a concentração estão prejudicadas. Em sua forma severa, que corresponde a cerca de 20% dos casos o zumbido causa sofrimento. É a queixa principal e frequentemente dramática na consulta clínica. O grau de desconforto, intolerância ou incapacidade quase sempre não estão relacionados com o grau de intensidade do zumbido. Porém os transtornos de humor (depressão, distimia) e ansiedade, frequentemente presentes, exercem fortes influências no agravamento do sintoma zumbido.
Existem vários tipos de zumbido, alguns podem ser agudos e outros graves, podendo ser comparados a qualquer tipo de som, os mais comuns são: apito, chiado, cigarra, grilo, cachoeira, panela de pressão, motor, escape de ar como se fosse um leve sopro.
Muitos pacientes relatam a presença de zumbido cujo som assemelha-se à batida do coração ou ser um pouco mais rápido como a batida de asa de um inseto. Assim sendo o zumbido pode ser classificado de acordo com seu agente etiológico, em zumbidos de origem para-auditivas (geralmente de origem vascular ou muscular) e zumbidos originados no sistema auditivo neurossensorial. A origem destes sons pode estar relacionados a uma alteração da Articulação Temporomandibular (ATM) ou mesmo de músculos da mastigação, que localizam-se na face e cabeça, os quais apresentam-se comprometidos com pontos gatilhos miofasciais.
O músculo tensor do tímpano compartilha mudanças similares de tônus com os músculos da mastigação (hiperatividade do músculo tensor do tímpano ocorre juntamente com o aumento de atividade dos músculos da mastigação, principalmente o músculo temporal) vibração e clono do mesmo podem levar à ocorrências de sintomas como otalgias ( dores no ouvido) , zumbido, vertigem e alteração auditiva. Numerosos sintomas otológicos como os citados acima, inclusive sensação de ouvido entupido/tapado são comuns em situações onde há um comprometimento muscular pelos pontos gatilhos miofasciais. O Dr. Wagner Hummig possui curso de pós graduação na Alemanha em inativações de pontos gatilhos miofasciais (trigger points) os quais podem ser considerados fatores geradores de queixas otológicas tais como zumbido e chiado. Estes pontos gatilho miofascial podem também produzir dores na face, dor no ouvido e dores na cabeça. Desta maneira uma avaliação com especialista em Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial faz-se necessária para um correto diagnóstico e plano de tratamento.
Observe estas animações aonde aparecem alguns exemplos de pontos gatilho miofasciais e seu local de referência, lembramos que além de zumbido o paciente também poderá referir dor/desconforto na região muscular acometida por estes pontos gatilho.
Alguns casos de zumbido têm cura, enquanto outros casos são controláveis. Há o estigma de que o zumbido não tem cura?. A maioria dos pacientes e alguns profissionais acabam desanimando, sem que a possibilidade de cura seja totalmente avaliada. Tentar tratar, mesmo na incerteza, nunca é errado. Se a causa do zumbido for determinada e tratável, a solução é mais simples. Porém, se não for possível atuar na origem do problema, existem outros caminhos para amenizar o ruído. A abordagem profissional necessita ser multidisciplinar, com atuação de médico otorrinolaringologista e neurologista, assim como do dentista especialista em DTM e Dor orofacial e de um fonoaudiólogo; aonde cada profissional atuará em sua área de competência. Na Alemanha Dr. Wagner Hummig aprendeu técnicas de inativações de pontos gatilho miofascial em músculos mastigatórios os quais podem contribuir para o tratamento do zumbido e chiado.